quinta-feira, 27 de março de 2008

INTOLERÂNCIA RELIGIOSA


Hoje, dia 27 de março, em frente a ALERJ, vários representantes de religiões de matriz africana, reuniram-se para cobrar dos Deputados Estaduais, a rigorosa apuração sobre as ações criminosas de grupos formados por traficantes que expulsam líderes de templos religiosos de matriz africana de determinadas comunidades carentes do Rio de Janeiro. Esses marginais que se declaram convertidos ao evangelho, atuam como braço armado de Igrejas independentes e em nome de Deus, determinam o fechamento dessas casas nas comunidades.

O fato foi amplamente divulgado pela mídia, principalmente após reportagem veículada pelo jornal Extra que durante 04 dias divulgou o fato. Representantes da Secretaria de Segurança ainda não se posicionaram à respeito do tema. O Babalorixá Paulo Guerreiro, Renato de Obaluaiê, Prof. Serginho entre outros líderes reuniram-se com autoridades legislativas para cobrarem uma posição mais firme contra a intolerância religiosa, onde adeptos do candomblé são vítimas de ataque por parte de evangélicos.

domingo, 16 de março de 2008

Demolição de Templo religioso do Candomblé em Salvador(BA)


No dia 27 de fevereiro, na Av. Jorge Amado, bairro de Imbuí, Salvador/BA, onde está situado o terreiro de candomblé, Oya Onipó Neto, foi cenário de uma ação da prefeitura de Salvador que gerou os mais tristes episódios de intolerância religiosa dos últimos tempos no Brasil. Acreditávamos que o período de perseguição religiosa já havia acabado, até que a Secretária da SUCOM, Kátia Carmelo, ordenou a demolição do terreiro, sob argumentos de que ocupava solo público. Sem dar a menor importância para aspectos inconstitucionais da ordem que expedia, ordenou a demolição. O ato gerou uma série de protestos em todo o país e levou o prefeito João Henrique do PMDB, a pedir desculpas e comprometer-se a reconstruir o templo demolido. O MP Estadual entrou no caso e está apurando as responsabilidades. Todo o material usado nas obrigações religiosas foi destruído na ação arbitrária. O prefeito, que é evangélico, abriu uma "Guerra Santa" em torno do epsódio, pois alguns já especulam a sua participação na questão.
O fato lamentável de toda está notícia, aponta para a própria Secretária Kátia Carmelo, que apesar de já ter sido exonerada de uma das secretarias que ocupava, declarou que não há motivos religiosos, apenas técnicos, pois é "Filha-de-Santo."
Num país que luta para não aceitar a pluralidade étnica, cultural e religiosa, oriunda dos diversos povos que construíram essa Nação, este caso exemplifica bem as mazelas que formam a sua verdadeira sociedade, confusa, ambígüa, desorientada e que ainda busca por sua verdadeira identidade.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Rui Barbosa e o movimento negro do século XXI

Recentemente recebi uma mensagem que me chamava a atenção. Aconselhava-me a não enaltecer o Intelectual Rui barbosa. O argumento denunciava ter sido ele, Rui, o responsável pela queima e conseqüente destruição de diversos arquivos históricos que impossibilitaram reconstituir considerável parte do período da escravidão no Brasil.
Forneceu-me também o endereço para que eu pudesse me esclarecer melhor sobre o assunto. Não atentou o nobre conselheiro para o final da matéria, postada num blog, sobre o comentário do Prof. Flávio Gomes.
Paso a transcrever o referido comentário:
" Nunca houve queima de documentos sobre a escravidão. Na verdade foi uma decisão do então Ministro da Fazenda (Rui Barbosa) como resposta aos fazendeiros que ainda tinham expectativas no regime republicano na indenização pela libertação dos escravos no regime monárquico. A documentação queimada (mais simbolicamente em praças públicas por ocasião de comícios de exaltação a República e quase atos cívicos) era de natureza fiscal. Nada mais que isso.

Sempre exisatiu e existe documentação em abundância como registros eclesiásticos, processos crimes e cíveis, inventários, além da documentação administrativa dos vários ministérios do Império, isso sem falar da documentação administrativa de natureza colonial."

Fica aqui registrado um esclarecimento necessário e que busca evitar que injustamente seja maculada a imagem de um dos maiores intelectuais brasileiros, eleito o brasileiro do século XX.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

O papel das livrarias como centros difusores de cultura

Recentemente me chamou a atenção uma frase que afirma que há mais livrarias em Buenos Aires, do que todo o Brasil. Com está dúvida na mente e num conflito interior que se agingantava na mesma medida em que me aprofundava nas reflexões que justificariam tal absurdo, clamei por socorro aos artigos jornalísticos e turísticos que envolvem tais elementos: livrarias e Buenos Aires.
Ufa!
Posso voltar ao meu sereno estado de espírito, pois Buenos Aires não possui mais livrarias que todo o Brasil. Pelo menos não após a metade do século XX. A Argentina em 1919, passou por uma reforma universitária, enquanto no Brasil, nem Universidades tinhamos.
Calcula-se que Buenos Aires possui aproximadamente 400 a 500 livrarias enquanto que,em todo o Brasil, há aproximadamente 2000 pontos de vendas de livros. (fontes fornecidas pela CERLALC - Centro Regional para o livro na América Latina e Caribe).
Porém este fato não é razão para comemorarmos. O povo brasileiro insiste em torcer para tudo o que é fácil. Os argentinos, nossos hermanos queridos, devem de forma inteligente alimentar a clássica "rixa" que há entre nossas seleções, pois só assim não percebemos o quanto estão a nossa frente quando o assunto é leitura. O argentino, ao contrário do brasileiro, é um amante das letras. Enquanto que no Brasil, o país das dicotomias, e considerado um dos países da América Latina que menos se lê, ao mesmo tempo produzimos a Bienal do Livro,o terceiro maior evento literário do mundo. O brasileiro lê em média 01 livro por ano, enquanto nossos hermanos lêem 04 e em países desenvolvidos como nos EUA, lêem 20!
Como explicar esses números?
Estas sociedades descobriram nas livrarias, que funcionam como verdadeiros centros culturais, mais uma forma de entretenimento e diversão. Em Buenos Aires há um teatro que foi transformado numa livraria e é considerada a maior da América Latina. Possui o sugestivo nome de El Gran Ateneo Splendid.
Nada contra o futebol, paixão nacional, sem dúvida. Mas por que eles conseguem criar duas paixões tão distintas e cultivá-las com tanta capacidade e nós não?
Enquanto eles riem de nossa ignorância, continuamos a acreditar na nossa supremacia futebolística como penta-campeões do mundo, principal fator de superioridade nacional.
Não percebemos que a verdadeira copa do mundo a ser ganha, está na cultura e na educação, e neste quesito, definitivamente não somos melhores que nossos hermanos. É mais fácil um argentino encontrar uma livraria que o brasileiro. Nosso Estado de São Paulo é um dos que concentra o maior número de livrarias do Brasil, e não por menos, é o Estado economicamente mais desenvolvido. No outro lado da corda estão os que possuem o menor número de livrarias e que coincidentemente são os menos desenvolvidos.
Viva a Argentina! Viva os livros! Viva a cultura! E por que não, quem sabe um dia, viva o Brasil!

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

O Brasil do início do séc. XIX ao Brasil do séc. XXI

"O Brasil no início do século XIX, ao cabo de três séculos de colonização, era um país de contrastes, de situações extremas: litoral e sertão, riqueza e pobreza, cultura popular sincrética e ortodoxia filosófica e religiosa, licenciosidade de costumes e rigidez de comportamento, valores cristão e escravidão, mandonismo rural e massa servil, economia exportadora e produção de autoconsumo. Faltava de todo - ou havia leves indícios - o equilíbrio de elementos intermediários, que permitissem o desenvolvimento de novas formas sociais: mercado interno, classe média, fontes diversificadas de poder, pluralidade cultural e religiosa. Ao contrário, prevalçecia a contradição de um país dividido em múltiplas dicotomias."
Wehling, Arno. A Formação do Brasil Colonial. Rio de Janeiro: ed. Nova Fronteira, 1994. (pg.339)
Este quadro político-social instalado no Brasil do início do séc. XIX,( o que significa 1800 - 1830) em muito se asssemelha com o Brasil do início do século XXI (2000 - 2008). Pasmen! Duzentos anos após, e notamos que a essência das dicotomias existentes naquela época, os contrastes socias, ainda estão presentes em nosso cotidiano. Com excessão ao quadro econômico e a pluralidade política, as diferenças sociais ainda encontram-se presentes. A riqueza e a pobreza, o litoral e o sertão, a elite intelectual e a massa servil. Enfim o Brasil não conseguiu êxito no desenvolvimento sócio cultural de seu povo. Pouco conseguimos mudar. Se levarmos em consideração as novas tecnologias e suas influências na formação cultural do povo e de forma comparativa traçar um paralelo com aquela época, podemos até nos atrever a afirmar que nada mudou. O intelectual Luís dos Santos Vilhena, citado na ,mesma obra, chegou a declarar: "O BRASIL É UMA CONGREGAÇÃO DE POBRES."
Como seta certeira, atinge-nos na dignidade as palavras do escritor. Como não concordar com palavras que exprimiam a realidade brasileira da época, se tão atuais!
Estudar a formação de nossa identidade, é antes de tudo identificar a nossa origem, o que éramos e o que passamos a ser. Se não encontrarmos grandes mudanças, é por que está na hora de assumir a nossa responsabilidade e mudar então a nossa realidade. Se o Estado foi incompetente na sua missão, cabe ao povo tomar as rédeas da mudança, exigindo para si esta responsabilidade. Afinal, o poder emana do povo, e por ele será exercido ..., ou não?

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Crise na educação

No jornal O Globo de 05 de fev, pág. 06, foi publicado no espaço Tema em Discussão, a crise na educação. Tanto nos comentário feitos pelo editor, como na opinião do presidente do Conselho Estadual de Educação do Estado do Rio de Janeiro, Sr. Roberto Boclin, podemos pinçar a seguinte conclusão: A educação continua sendo tratada como objeto de pouco valor social. Propostas são criadas e divulgadas pelos governos e naufragam na primeira crise financeira. Desta vez o sepultamento da famigerada CPMF, foi a responsável pelo corte de gastos que atingiu diretamente a educação. Num país em que o Chefe do Executivo (sem hipocrisia) alcançou o cargo máximo do país sem uma formação acadêmica adequada, não seria de se surpreender o descaso com que a educação é tratada. Afinal, para que tanta educação se, através de greves, movimentos sindicais, discursos demagógicos, prisão, muita prisão, pode-se chegar a tal cargo. Que exemplo nos dá nosso Presidente?
Que alternativa nos resta? Conhecemos os problemas e as soluções, por que não conseguimos resolver esta crise? O investimento pesado na educação, pouparia a longo prazo, boa parte do dinheiro que é gasto em projetos socias, como o bolsa-escola ou bolsa-família. A rede de ensino não consegue preparar o indivíduo para o mercado de trabalho. Não lhe oferece instrumentos de sustentação social através do conhecimento. A mobilidade social que a educação de qualidade é capaz de oferecer, fica restrita a classe média e em raras excessões aos mais pobres, que sepultam o futuro nas escolas públicas, onde professores mau pagos, alunos com sérias deficiências sociais e familiares convivem numa tentativa vã de consolidar o sonho do ensino-aprendizagem de qualidade.
Soma-se a este quadro, a violência que, fora de controle, alcança as carteiras escolares, submetendo estes alunos a mais um obstáculo. A balança histórica que envolve a escola e a qualidade de ensino oferecido, nos deixa a seguinte mensagem: Nas décadas de 40,50 e 60 o ensino era de melhor qualidade, mas deficiente e de pouco alcance; na atualidade o ensino alcança a grande massa, mas condena aqueles que tem acesso a ele, a uma escola vazia de conteúdos didáticos-pedagógicos, com professores mau pagos, alunos desmotivados e a um futuro sem grandes expectativas. Excessões existem,mas são poucas no cenário trágico que se instalou ao longo dos anos de descaso. O Brasil paga um alto preço por esta política educacional. O povo brasileiro merce uma educação melhor.