segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

O papel das livrarias como centros difusores de cultura

Recentemente me chamou a atenção uma frase que afirma que há mais livrarias em Buenos Aires, do que todo o Brasil. Com está dúvida na mente e num conflito interior que se agingantava na mesma medida em que me aprofundava nas reflexões que justificariam tal absurdo, clamei por socorro aos artigos jornalísticos e turísticos que envolvem tais elementos: livrarias e Buenos Aires.
Ufa!
Posso voltar ao meu sereno estado de espírito, pois Buenos Aires não possui mais livrarias que todo o Brasil. Pelo menos não após a metade do século XX. A Argentina em 1919, passou por uma reforma universitária, enquanto no Brasil, nem Universidades tinhamos.
Calcula-se que Buenos Aires possui aproximadamente 400 a 500 livrarias enquanto que,em todo o Brasil, há aproximadamente 2000 pontos de vendas de livros. (fontes fornecidas pela CERLALC - Centro Regional para o livro na América Latina e Caribe).
Porém este fato não é razão para comemorarmos. O povo brasileiro insiste em torcer para tudo o que é fácil. Os argentinos, nossos hermanos queridos, devem de forma inteligente alimentar a clássica "rixa" que há entre nossas seleções, pois só assim não percebemos o quanto estão a nossa frente quando o assunto é leitura. O argentino, ao contrário do brasileiro, é um amante das letras. Enquanto que no Brasil, o país das dicotomias, e considerado um dos países da América Latina que menos se lê, ao mesmo tempo produzimos a Bienal do Livro,o terceiro maior evento literário do mundo. O brasileiro lê em média 01 livro por ano, enquanto nossos hermanos lêem 04 e em países desenvolvidos como nos EUA, lêem 20!
Como explicar esses números?
Estas sociedades descobriram nas livrarias, que funcionam como verdadeiros centros culturais, mais uma forma de entretenimento e diversão. Em Buenos Aires há um teatro que foi transformado numa livraria e é considerada a maior da América Latina. Possui o sugestivo nome de El Gran Ateneo Splendid.
Nada contra o futebol, paixão nacional, sem dúvida. Mas por que eles conseguem criar duas paixões tão distintas e cultivá-las com tanta capacidade e nós não?
Enquanto eles riem de nossa ignorância, continuamos a acreditar na nossa supremacia futebolística como penta-campeões do mundo, principal fator de superioridade nacional.
Não percebemos que a verdadeira copa do mundo a ser ganha, está na cultura e na educação, e neste quesito, definitivamente não somos melhores que nossos hermanos. É mais fácil um argentino encontrar uma livraria que o brasileiro. Nosso Estado de São Paulo é um dos que concentra o maior número de livrarias do Brasil, e não por menos, é o Estado economicamente mais desenvolvido. No outro lado da corda estão os que possuem o menor número de livrarias e que coincidentemente são os menos desenvolvidos.
Viva a Argentina! Viva os livros! Viva a cultura! E por que não, quem sabe um dia, viva o Brasil!

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